Com 24 músicas do Queen, peça inaugura teatro gigante em SP

Por fabiana seragusa

A equipe do “Guia” teve acesso exclusivo ao Teatro Santander, que será inaugurado em 24/3 com a estreia de “We Will Rock You” —e também foi a primeira a assistir ao ensaio do espetáculo no local.

As obras estão a todo vapor para deixar o espaço —com capacidade para 1.100 pessoas— pronto, mas já dá para dizer que os assentos da plateia são muito confortáveis, com bom espaço entre as fileiras e também inclinação ideal, fazendo com que a visão seja boa de todos os lugares.

Mesmo enorme, o teatro é aconchegante. Um destaque é que as poltronas da plateia são móveis, então dá para fazer eventos nos quais o público fica em pé —nesse caso, abrigando 2.085 pessoas.

Assim como os funcionários da obra, a equipe e o elenco do musical também correm para acertar os últimos detalhes. E o que impressiona logo de cara é a qualidade do elenco de “We Will Rock You”, que foi escolhido pelos próprios integrantes do Queen —cujas canções guiam a trama. Os artistas cantam muito, e a acústica do local ajuda a criar esse clima de show de rock que se vê em cena.

Elenco escolhido pelo Queen

Brian May e Roger Taylor, que fizeram história ao lado de Freddie Mercury, receberam uma
série de fitas com os ensaios dos atores e da banda que acompanha a peça. Foram os dois que escolheram cada um dos intérpretes, conta a produtora-geral Almali Zraik, responsável por
trazer superproduções como “A Bela e a Fera” e “O Fantasma da Ópera” ao Brasil.

Ela diz que a preocupação da dupla era se encontrariam guitarrista ou baterista como eles queriam. “Eu até disse que estava aberta a trazer gente de fora, caso fosse necessário, mas que acreditava que no Brasil a gente tinha talento pra isso.” Depois de dois dias de audições estava tudo aprovado. “Eles não acreditaram, ficaram super honrados de ver tanta gente tocando tão bem o estilo deles. Disseram que é um dos melhores elencos que já tiveram.”

Escrita pelo comediante Ben Elton em parceria com o pessoal do Queen, a peça estreou em Londres em 2002 e foi vista por mais de 15 milhões de pessoas em 17 países. Brian e Roger, segundo Almali, tinham confirmado presença na estreia, mas como a data foi adiada ficou difícil conciliar as agendas. Mas eles devem vir em algum outro dia da temporada.

Detalhes da peça

A história se passa 300 anos no futuro e mostra um planeta totalmente controlado pela Global Soft, uma empresa que elimina o rock do mundo, acaba com todos os instrumentos musicais e só libera canções enlatadas à população. Todo mundo ouve as mesmas coisas, veste o mesmo tipo de roupa, pensa do mesmo jeito. É tudo programado para que ninguém tenha ideias próprias.

Embalada por 24 sucessos do Queen, a trama acompanha o surgimento de um grupo de rebeldes chamados de Boêmios, que tentam se libertar dessa escravidão mental. Galileo, interpretado por Alirio Netto (entrevista abaixo), escuta vozes e se lembra de trechos de canções estranhas, proibidas no planeta, e busca entender o que está acontecendo. Tem citações bem-humoradas a hits pop como “macarena”, “show das poderosas” e “ritmo ragatanga”.

Nesse processo de descoberta, o rapaz se junta à jovem Scaramouche (Livia Dabarian) e a outros “rebelados” com um objetivo: seguir a lenda que diz que ainda existe um instrumento escondido, o único no mundo, que fica em uma pedra do rock. Eles querem suas personalidades de volta.

No elenco também estão nomes como Andrezza Massei, Fred Silveira, Felipe de Carolis, Nicholas Mais e Thais Piza, num total de 28 atores. A banda, que fica em destaque na parte de cima do palco, conta com Rodrigo Hyppolito (diretor musical assistente e teclados, Thiago Rodrigues (teclados), Mário Gaiotto (bateria), Fábio Stamato (guitarra), Lucas Vianna (guitarra), Renato Leite (baixo) e Yara Oliveira (percussão). A direção é de Uwe Petersen.
Alirio, o protagonista

Conciliando as carreiras de músico e ator, Alirio Netto diz que agora sua vida está perfeita, afinal, ele começou a cantar por causa de Freddie Mercury. Depois de fazer o Judas no musical “Jesus Cristo Superstar”, agora o artista é protagonista nesta superprodução que fala sobre rock e liberdade.

Para se transformar em Galileo, ele precisou cortar os longos cabelos que mantinha desde sempre —mas diz que gostou de como está agora. Em julho, ele deve lançar seu primeiro disco solo, que vai se chamar “João de Deus” e terá dez músicas em português, com participação do saxofonista Milton Guedes e do baixista Felipe Andreoli, entre outros nomes.

Sobre como recebeu a notícia da escalação

“Fiquei emocionado mesmo! Chorei pela conquista. O Queen sempre foi minha banda preferida, virei cantor por causa do Freddie Mercury. Junta isso com o teatro que é outra coisa que amo e a minha vida fica perfeita.”

Escolha feita pelo membros do Queen

“Isso foi o mais incrível de tudo. Você ter o Brian May e o Roger Taylor te escolhendo pra ser o protagonista de uma peça das músicas que eles escreveram. E acho que isso reflete em todas as pessoas do elenco. Claro que, pra gente, além da puta honra, tem o lance da responsa também, o que faz com que a gente trabalhe cada vez mais duro pra entregar esses personagens da maneira mais honesta e da melhor maneira possível.”

Músicas habituais

“Já sou bem familiar com o repertório. Eu tive um show que era só de Queen, inclusive um para voz e piano [feito há dois anos, projeto que ele espera retomar]. Mas, quando você está num musical, numa peça de teatro, existe uma diferença na interpretação, né, porque as músicas servem ao texto. Então você tem que inserir estes textos dentro da história. As músicas são quase todas com a mesma pegada das originais, mas tem algumas alterações de letras, pra entrar no contexto da peça. Então dá uma cara diferente pra tudo o que você já ouviu. É uma boa oportunidade pra qualquer fã do Queen reviver essas músicas de uma outra maneira.”

Cabelo curtinho

“Cortei meu cabelo por causa da peça. Isso é uma coisa que todo ator tem que fazer: se emprestar para o personagem, sair da zona de conforto e migrar para aquilo que ele tem que ser. O ator tem que servir a um propósito maior, que é a peça. Nunca mais deixo ele crescer, só se outro personagem pedir. Cansei de cabelo comprido. E minha namorada adora assim como está.”

Sentido da peça

“Ela reflete um pouco isso que a gente está vivendo hoje, onde as pessoas vivem com a cara no telefone, a internet dominando tudo. Então, nesse futuro, a música tocada com instrumentos de verdade foi banida, só vale música feita por computador.”

Crítica aos enlatados?

“Não somente à música enlatada, mas à ditadura musical imposta por um mercado e a uma geração preguiçosa e sem interesse de conhecer algo diferente daquilo que lhe é dito. O rock sempre foi transgressor e é isso que o torna tão especial e atemporal. Eu, como artista, sou apenas um veículo de comunicação. Meu desejo é que pelo menos as pessoas que venham ao teatro possam de alguma forma sair daqui com a ideia de que qualquer que seja sua forma de pensar sempre existem pelo menos algumas possibilidades distintas daquelas impostas —é isso pode ser interessante até para aqueles que se sentem presos. O rock liberta!”

Teatro Santander – av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2.041, Vila Nova Conceição, tel. 4003-1022. 135 min. Livre. Qui. e sex.: 21h. Sáb.: 17h e 21h. Dom.: 16h e 20h. Ingr.: R$ 40 a R$ 300. Ingr. p/ entretix.com.br.

Fonte: http://blogdoguia.blogfolha.uol.com.br

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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