Nem todos os heróis morrem de overdose

Sandra Bréa morreu em 2000, em decorrência de um câncer no pulmão. Mas foi o HIV que a levou a por fim em sua carreira e se afastar, de tudo e todos

Vira e mexe alguém me diz que sou parecida com uma celebridade qualquer. Não sei se é só comigo, ou se é comum procurarem em outras pessoas um rosto familiar. Enfim, o fato é que passei toda a minha adolescência ouvindo pessoas me dizerem que eu era ‘a cara da Sandra Bréa’. E é claro que não é nada ruim ser comparada com alguém que foi musa de um país durante tantos anos (Se você tem menos de 30, talvez não saiba quem era ela, mas a atriz foi considerada símbolo sexual nas décadas de 70 e 80).

Me lembro bem quando, em 1993, corajosa, Sandra chocou o país ao anunciar que era portadora do vírus da AIDS. Foi ela a primeira mulher brasileira famosa a admitir ter se contagiado com o, então, aterrorizante HIV. Não sei dizer, ao certo, se foi a coragem de admitir a doença em uma época em que os infectados eram extremamente discriminados ou se foi o fato de eu ter ouvido muitas vezes pessoas me dizendo que eu era parecida com ela, que trouxe a atriz à minha cabeça quando vi, ontem, a notícia de que os EUA aprovaram o primeiro remédio que pode prevenir a infecção por HIV.

Estima-se que o mundo tenha, nos dias de hoje, cerca de 34 milhões de soropositivos, e aproximadamente 2,7 milhões de novos infectados são registrados por ano. Quantas não foram as personalidades, artistas e pessoas queridas que o mundo perdeu em função da doença? O jogador de basquete Magic Johnson declarou ser HIV positivo em 1992 e, desde de então, virou símbolo da luta contra o vírus. Cazuza, Renato Russo, Freddie Mercury, o sociólogo Betinho e seu irmão Henfil são apenas alguns dos nomes famosos que ajudaram a romper com o preconceito em torno da AIDS e serviram de triste exemplo para a conscientização sobre uma doença que até hoje não tem explicação exata e já vitimou muita gente.

A aprovação do tal remédio preventivo foi criticada por alguns. O medo é de que a utilização contínua do Truvada possa criar a uma falsa sensação de segurança e acarretar a diminuição do uso de outros métodos preventivos. O que eu espero é que a medicina avance cada vez mais na busca pela cura e prevenção. E que a possibilidade de se previnir a infecção elimine todo e qualquer tipo de preconceito em relação aos soropositivos. Porque os heróis de Cazuza morreram de overdose, mas alguns dos meus, infelizmente, morreram de AIDS.

 

Fonte: http://rabiscorascunhado.wordpress.com/
Dica de: Roberto Mercury

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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