Músicos transformam bandas cover em espetáculo lucrativo

Pablo Padin interpreta Freddie Mercury; Sérgio Faga, Bruce Dickinson; e Sandro Peretto, John Lennon
Pablo Padin interpreta Freddie Mercury; Sérgio Faga, Bruce Dickinson; e Sandro Peretto, John Lennon

DAVID SHALOM
Direto de São Paulo

Desde que a música como a conhecemos surgiu, pessoas se dedicam à execução de canções daqueles que as influenciaram. Do erudito Wolfgang Amadeus Mozart aos meninos de Liverpool dos Beatles, todos interpretaram covers em algum momento de suas carreiras – até por este ser o primeiro passo dado por um jovem quando adquire o primeiro instrumento: aprender músicas de seus artistas preferidos para tocar com os amigos, fazendo surgir mais e mais grupos do gênero. Nos últimos anos, no entanto, este nicho tem crescido de tal forma que uma avalanche de projetos altamente profissionais vêm se destacando ao criar uma carreira sólida girada exclusivamente em torno de seus ídolos.

Com altos investimentos em formação musical, equipamentos, estrutura e vestimentas, essas bandas contam com uma estrutura até há pouco tempo tida como irreal para qualquer trabalho do gênero. Se antes eram vistas como hobbies ou pontes para a realização de negócios autorais, com raros shows feitos em bares e botequins, hoje elas contam com empresários, contratos, turnês, fãs e todas as características próprias dos artistas em que se inspiram.

“No Brasil temos uns mil covers de Iron Maiden. Então, para se destacar no meio desse mar de bandas você precisa ter um diferencial”, explica Eric Claros, 29, baterista do Children of the Beast, tributo oficial ao Iron Maiden no País. “Assim, compramos todos os equipamentos iguais aos dos caras da banda: o baixo do Steve Harris, a guitarra signature do Dave Murray, a bateria que o Nicko (Mc Brain) usou quando tocou por aqui, com todos os pratos iguais.”

E os investimentos não se limitam ao gasto com instrumentos. O enorme volume de conjuntos com essa proposta obriga os músicos a de fato procurar personificar o artista, tanto musicalmente quanto na forma de se vestir, falar e se mover. “Nosso espetáculo é 50% música, 50% produção”, conta Sandro Peretto, 38, o “John Lennon” da All You Need is Love, principal banda brasileira de tributo aos Beatles da atualidade, que investiu até em sessões de fonoaudiologia para soar igual ao ídolo, inclusive no sotaque e na voz naturalmente anasalada. “Estudamos toda a movimentação deles em arquivos, vídeos, entrevistas, discursos. A ideia é que o público viaje nessa ideia de que está vendo os Beatles mesmo”.

O verdadeiro teatro armado por esses músicos é capaz de conferir a quem os assiste a verdadeira sensação de estar vendo o ídolo no palco, fator primordial para o seu sucesso. O Children, por exemplo, leva a seus shows diversos cenários, uma verdadeira bagagem com roupas feitas por encomenda para serem trocadas durante a apresentação, além de um boneco do Eddie, o mascote dos britânicos, com quase três metros de altura, conferindo ainda mais realismo ao espetáculo. “Quando tocamos em São Paulo as pessoas acham legal. Mas, ao viajarmos para lugares mais distantes, cidades do interior onde o Iron provavelmente nunca vai pisar, os caras têm a impressão de estar vendo a banda original, chegando ao ponto de se dirigirem a nós chorando após o fim do set”, conta Claros, que acaba de retornar de Assunção, Paraguai, onde fez show com o sexteto para quase oito mil pessoas.

Cruzando fronteiras
Com ao menos dez passagens pelo Brasil, o quarteto argentino Dios Salve La Reina, desde 1998 dedicado a coverizar os principais sucessos do Queen, é um dos melhores exemplos de bandas tributo com popularidade além da fronteira de seu país. Seus integrantes, que se apresentam nesta sexta-feira (2) no Via Funchal, em São Paulo, já realizaram turnês pela América Latina e Europa, chegando a fazer uma média de 80 shows por ano, número invejável até para grupos com material próprio conceituados no mercado.

“Parece mais fácil fazer uma banda tributo, mas, pelo menos no nosso caso, não é bem assim”, garante o cantor Pablo Padin, 36, que, assim como o líder do Queen, veste jaqueta amarela, coroa e toca piano nos shows, dando ao público a ilusão de estar vendo o próprio Freddie Mercury sobre o palco. “Temos a preocupação de prestar o tributo como eles merecem e a prova de que o público percebe isso reside no fato de estarmos sempre por todos os lados, viajando e tocando em países diferentes”.

Profissão Cover
Os investimentos e o enorme número de shows culminam, naturalmente, em uma verdadeira virada na realidade desses músicos. Isso porque, se antes precisavam trabalhar em serviços comuns para obter sustento, eles acabam se vendo na urgência de deixar seus empregos para poder se dedicar inteiramente à corrida agenda tão recorrente de seus ídolos. “Nosso baixista acabou de largar um cargo de analista financeiro para viver de música porque não conseguia conciliar as duas coisas”, exemplifica Claros, produtor de vídeos nas horas vagas. “Ele precisava tomar uma decisão e, claro, preferiu tocar do que ficar trabalhando de terninho em escritório”.

Se, com seus 60 shows anuais, a maioria dos integrantes do Children ainda consegue manter o trabalho comum nos dias úteis, complementares à renda da banda, os músicos do Dios Salve a La Reina já vivem em outro estágio. Assim como o próprio Queen, os argentinos se dedicam em tempo integral à banda, conseguindo há pelo menos três anos obter o sustento proveniente apenas dos palcos. “Graças a Deus conseguimos nos virar bem com aquilo que ganhamos nos shows. A cada dia que passa parece que vamos deixar de viajar ou, quem sabe, viajar menos. Mas, quando menos esperamos, aparecem mais e mais datas para fazermos e acabamos não parando nunca”, conta Padin.

No sentido de produção, o All You Need is Love foi ainda mais longe. Depois de obter sucesso com sua performance em shows por todo o território brasileiro, o empresário do quarteto conseguiu fazer algo praticamente impensável a qualquer grupo dedicado a covers. Com os direitos de execução das canções dos Beatles cedidos pela gravadora que os detém, a Sony Music, a banda lançou em 2010 seu primeiro DVD, com vendagens acima de 25 mil cópias.

“É incrível o que conseguimos em tão pouco tempo”, exalta Peretto, atualmente focado na pré-produção do segundo DVD do grupo. “Não sei se dá para ficarmos milionários com este trabalho e esse não é nem de longe o nosso objetivo. Mas, se isso acontecer, teremos a certeza de ter chegado onde queríamos, que é tocar por todo o mundo. Por que não?”.

Próximos eventos:
Dios Salve a La Reina (God Save the Queen) – São Paulo
Data: 03 de fevereiro
Local: Via Funchal – R. Funchal, 65 Horário: 22h00
Informações: (11) 3846-2300
Preços
Platéia VIP: R$ 220
Platéia Premium: R$ 180
Platéia 1: R$ 120
Platéia 2: R$ 80
Mezanino Central: R$ 120
Mezanino Lateral: R$ 100
Camarote: R$ 180

Children of the Beast – São Paulo
Data: 4 de fevereiro
Local: Manifesto Bar – Rua Iguatemi, 36 – Itaim Bibi
Horário: 22h
Informações: (11) 3168-9595

All You Need is Love – Araçatuba
Data: 11 de fevereiro
Local: Espaço Bela Vista – Rodovia Nametala Rezek, S/N – Traitu
Informações: (18) 3624-6076


Fonte: www.terra.com.br
Dica de: Roberto Mercury

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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