Escritor e dramaturgo francês lança biografia de Freddie Mercury: do garoto de uma colônia a vítima da Aids

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RIO – Em 1981, o Queen fez o que parecia impossível e era considerado loucura por outras bandas de rock: uma turnê na América do Sul, inclusive pelos países governados por ditaduras, como o Brasil. No estádio do Morumbi, em São Paulo, 130 mil pessoas cantaram “Love of my life”. O líder da banda, Freddie Mercury, emocionou-se e percebeu que sua música poderia ser sinônimo de libertação para os outros, assim como havia sido para ele. “Na América Latina houve um antes e um depois do Queen, em matéria de música e de shows”, escreve o francês Selim Rauer, cuja biografia “Freddie Mercury” está sendo lançada por aqui, pela editora Planeta. A obra indica que é possível dizer, ainda, que Mercury foi responsável por um antes e depois na cultura pop.

De origem persa, Mercury nasceu em Zanzibar, uma região insular da Tanzânia, na costa africana, em 5 de setembro de 1946. Ele foi batizado Farrokh Bulsara, teve uma educação religiosa, estudou num tradicional colégio inglês na Índia e só se mudou para o Reino Unido no início dos anos 1960. Bulsara era um garoto vindo de uma colônia que aterrissava no meio da revolução do rock.

“Queen não seria possível hoje”, diz autor

O Queen, então, foi formado nesse ambiente. A banda surgiu em 1970, a partir da dissolução do Smile, grupo do qual faziam parte o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. O álbum de estreia, já com Mercury (devidamente rebatizado e assumindo uma identidade roqueira) e com o baixista John Deacon, foi lançado em 1973 e intitulado simplesmente “Queen”.

– Eu acho que a realidade da música hoje é outra. Bandas como Queen, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd ou U2 não são mais possíveis. Vivemos outro tempo, e as novas gerações lidam de outra maneira com a música. Bandas reais significavam músicos reais, artistas reais. E, na minha opinião, não há muitos artistas reais na indústria musical hoje – explica, em entrevista ao GLOBO, Selim Rauer. – Freddie Mercury foi uma junção única de um artista real e de um músico original. Ele foi pioneiro. Como Gilles Deleuze costumava dizer: existem os criadores e existem aqueles que só seguem o que foi criado.

Hoje com 31 anos, Rauer lançou a primeira edição de seu livro em 2008. O autor tem formação em teatro, já dirigiu peças e escreve um blog para o site do jornal francês “Le Monde”, onde trata de temas aparentemente opostos, como a música do U2 e os pensamentos de Deleuze. Antes de escrever “Freddie Mercury”, ele havia publicado um romance, um ensaio sobre terrorismo e duas compilações de poemas.

– Esta biografia é muito diferente do que eu fiz antes, mas há pontos em comum nos temas – explica. – Minha experiência como dramaturgo e diretor de teatro certamente contribuiu para me dar ferramentas de interpretação do trabalho de Freddie Mercury. Eu percebi, durante a concepção do livro, que Freddie Mercury entendeu a complexidade do teatro. Ninguém podia se igualar a ele como intérprete, cantor e showman num palco.

Naturalmente, uma estrela como Mercury teve muitas outras biografias publicadas antes da de Rauer. O autor, porém, destaca um caráter singular em sua empreitada:

– Os outros que escreveram sobre ele eram jornalistas, críticos de música ou colaboradores próximos. Mas acho que é a primeira vez que um escritor faz um livro sobre Freddie Mercury. Isso quer dizer que eu procurei transcrever a complexidade de sua vida, o homem e o artista, enxergar seus conflitos. Meu objetivo foi fazer um ensaio biográfico.

Mas a grande dificuldade que todos sempre encontraram em tratar da vida de Mercury era a sua reclusão. O cantor que, no palco, se transformava numa “diva dos tempos modernos”, nas palavras de Rauer, tentava manter sua vida pessoal longe dos holofotes, bem diferente de estrelas como David Bowie e Mick Jagger. “Sua personalidade profunda e timidez o levavam a evitar tudo o que fosse mundano”, escreve Rauer.

Porém, às tentativas de preservar sua privacidade juntaram-se tentativas da imprensa de celebridades de devassar sua rotina, sobretudo quando se tratava de sua sexualidade. Em maio de 1988, o jornal britânico “The Sun” publicou fotos e revelações entregues por um ex-assistente de Mercury. A reportagem, intitulada “Todos os homens da rainha”, dizia que dois de seus ex-amantes haviam morrido de Aids e relatava o consumo de drogas.

“Freddie foi o sonho de uma criança nascida numa ilha da África, que venceu num país estrangeiro até se tornar um dos maiores artistas de sua geração. Sua vida foi ao mesmo tempo exemplar, fascinante, apaixonante e trágica”

Lembrando: era 1988. Estar contaminado com o vírus da Aids, naquela época, não significava apenas a certeza de morte, mas também uma condenação moral da conservadora opinião pública. Mercury descobrira ter a doença meses antes de a especulação aparecer na imprensa. Segundo a biografia, ele disse a seu companheiro, Jim Hutton: “Se quiser me abandonar, eu entendo”.

Hutton não o abandonou, assim como não o fizeram os outros integrantes do Queen. Enquanto negava a doença publicamente, Mercury chamou May, Taylor e Deacon para uma conversa. A banda estava reunida para gravar o álbum “The miracle”. “Acredito que vocês precisam ficar sabendo o que eu tenho. Até onde sei, não existe remédio para curar essa doença. Não sei quanto tempo ainda tenho diante de mim, mas quero que continuemos avançando e trabalhando como sempre fizemos”, disse. Todos entenderam e nunca falaram com ele sobre a Aids.

Mas as consequências da doença foram afetando-o aos poucos. Seus cabelos caíam, orifícios apareciam na pele, e as explicações públicas de que ele sofria do fígado não eram mais convincentes. No segundo semestre de 1991, ele lançou a música “The show must go on”, enquanto tomava a decisão de interromper o tratamento contra o avanço do HIV. “Era um modo de acelerar a morte”, escreve o biógrafo. Em 23 de novembro, a pedido do cantor, o mundo foi informado de sua verdadeira condição de saúde. No dia seguida, um domingo, Mercury morreu. O show deveria continuar. Mas de outro jeito.

“Uma vida apaixonante, fascinante e trágica”

– Freddie Mercury compreendeu que uma utopia não é impossível, é apenas o que você não alcançou. Quando você alcança a utopia, ela se torna realidade. Ele foi o sonho de uma criança chamada Farrokh Bulsara, nascida numa ilha da África, que venceu num país estrangeiro até se tornar um dos maiores artistas de sua geração e uma lenda mundial. Sua vida foi ao mesmo tempo exemplar, fascinante, apaixonante e trágica – diz Rauer.

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Fonte: oglobo.com

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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There are 5 comments

  1. Carlos Augusto Ribei |

    Não sou fã de carteirinha, mas adimiro muito a luta do cantor, uma certa vez fiz um curso que em seu encerramento o ministrante colocou algumas palavras prolatadas em leito de morte, pelo cantor, todos ali ficaram muito tocados se por ventura posssui-las gostaria de te-las…

    Responder

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